sábado, 30 de maio de 2015

guitarras.

Nunca fui dado a guitarras. Acho que, desde muito cedo, eu sabia que minha vida seria doada às maracas ou aos sintetizadores. Que é onde eu me deito confortavelmente ou sinto que a vida pode ser mais plástica, mais fake, mais elétrica, ou qualquer outro adjetivo que eu quiser dar. Mais quente. No final das contas, a vida acaba sendo colorida. Desde o florido de uma rua despretensiosa, camisa aberta, barba por fazer, um te quiero perdido entre dois ou três goles de tequila. Ou um digital love marcado com impressões digitais sobre uma pele tão real que o já-já não suporta. Na trilha sonora, vivo suspenso. Transito entre mundos irreais que não vivo - ou por localização geográfica, trabalhado com um material cartográfico não-político patético que restringe, separa, limita, divide; ou por não ser feito de transistores, lâmpadas, corações magnéticos e circuitos. Sou, tão logo, ribeirinho e pangeia. "Pra ficar titânico, nenhuma pátria me pariu", li dias destes revisitando (e re-vestindo) o ontem. Se o espaço é uma mentira, o que dizer do tempo? Se o espaço é feito de rusgas, o tempo não passa de rugas. E ambos parecem afetar minha face, meu corpo, minha pele, meu espaço, nada siderado, sempre vazio. Sou buraco negro, á do início da web 2.0. Quer entrar, tem que ter convite. Racionalizar o espaço é algo que fizemos desde que o físico existe. Então, vamos mapear, situar, colocar um chip GPS em cada existência e limitar. Você está a 2 km do desespero, diz o aplicativo de relacionamentos. Você pode pedir uma pizza que está a 10 minutos do destino final. Sinto saudades do tempo em que "destino final" era, na ficção, o desconhecido. E, na realidade, a morte. Pra que tanto controle?

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